segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Espada, escudo, mágoa e perdão.

Voltei depois de vários dias de reflexão, acumulei muito pra este post e vou tentar não me estender demais.

Nestes dias estive revisitando a história da mulher na sociedade, as mudanças a cada década, os papéis,  nossas liberações e aprisionamentos...
Tudo nos foi proibido:  Palavra/Voz - Corpo/Prazer - Voto/PODER!
Já foi regra que a mulher fosse tratada como um simples acessório, um simples item que poderia ser escondido ou ostentado ao bel prazer de seu dono. Houve época em que éramos ensinadas que tínhamos pouco ou nenhum valor sem um homem ao nosso lado, que éramos incapazes, burras, que nosso corpo era uma agressão. Aprendemos que todo e qualquer gesto e pensamento contrário a essas regras seriam condenados e punidos. Para mulheres não existia  trabalho que não fosse do lar, haviam aquelas que não tinham a "sorte" de um casamento bem sucedido. Para estas não havia opção além da labuta sob o olhar e o cabresto de uma sociedade extremamente opressora.
As mudanças vieram gradativamente as custas de suor, lágrimas, fé nesta batalha infinita, sacrifícios, e como em toda guerra, sangue.
Criamos novos modelos de quem poderíamos ser, nos apoderamos de nossos corpos, dos postos de trabalho, ocupamos novos espaços e buscando mostrar que somos iguais em direitos e deveres. Provamos, equiparando nosso poder com o deles - muitas vezes os superando - acumulando funções e realizando-as com maestria.
Durante esse pequeno passeio nos tempos mais antigos e ainda muito recentes,  notei que sou de uma geração que conhece pouco dessa história, quase nada disso é mencionado em nossas escolas, muitos dos estigmas que pautam nosso comportamento ainda são os daquela época. Além disso somos bombardeadas por mensagens distorcidas da mídia televisiva que nos direcionam incansavelmente as palavras "liberdade" e "segurança". Acumulamos funções, mas ainda nos submetem ao tratamento de objeto, aceitamos ser coadjuvantes, achando normal a violência cometida contra nos sistematicamente, temos "liberdade" sexual condicionada a padrões físicos impossíveis para a natureza. Ah, falando em natureza, deixamos de cuidar de nossas crianças, amamenta-las, traze-las ao mundo de forma natural em nome dessa tal "liberdade".
Ok, não somos todas assim, e quero crer que esta não seja a maioria, estou me referindo a nós aqui no Brasil, que já é tão imenso e plural.
Me orgulho em seguir aquelas que honram essa história,  quem mantém a luta para assegurar e melhorar nossas posições na sociedade, aquelas que carregam na mesma mão a espada e o escudo e equilibram com a outra a mágoa e o perdão, aquelas que renunciam e escolhem com consciência, protagonistas, são donas de seus destinos, sentem culpa por deixar seus filhos pra ir a luta, conquistam a redenção construindo novos valores que se multiplicam em amor e generosidade.

3 comentários:

  1. Simplesmente sensacional. Amei. Visitarei mais vezes. Sucesso sempre. Mama Bastos.

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  2. Encantada! adoro o que vc escreve!!! Compartilhe sempre com o mundo estes momentos de lucidez e inspiração, te amo!!!

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